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Tur­ismo: a aposta certeira de Brandão.

Escrito por Abdon Mar­inho


TURISMO: A APOSTA CERTEIRA DE BRANDÃO.

Por Abdon C. Mar­inho.

DURANTE toda vida e prin­ci­pal­mente depois que come­cei a expor pub­li­ca­mente meus posi­ciona­men­tos à respeito de temas que envolvem a vida de “todos”, defend­endo que ações para desen­volver o estado devem mobi­lizar todas as cadeias pro­du­ti­vas com políti­cas integradas para os diver­sos setores.

É dizer, pre­cisamos de ações con­sis­tentes em diver­sos setores da econo­mia para que o fruto do desen­volvi­mento seja aproveitado por todos. Isso se faz explo­rando – de forma sus­ten­tável –, as poten­cial­i­dades das várias regiões do estado.

Durante a sem­ana, entre um inter­valo ou outro da pro­gra­mação local da tele­visão, assisti a um com­er­cial do gov­erno do estado sobre as rotas turís­ti­cas do Maran­hão. Gosto de peças pub­lic­itárias, antiga­mente era fã de um pro­grama de tele­visão chamado, se não me falha a memória, inter­valo, des­ti­nado a exibir os mel­hores com­er­ci­ais de tele­visão. Claro que nos inter­va­los do Inter­valo não exib­iam com­er­ci­ais tão bons.

Achei inter­es­sante a peça do gov­erno pois ao exibir as rotas turís­ti­cas: rotas das emoções, no sen­tido ori­en­tal, ia mostrando, no mapa, os municí­pios que seriam “impacta­dos” com o tur­ismo; a mesma coisa em relação a rota dos “Guarás”, no sen­tido oci­den­tal.

Não lem­bro se nesse com­er­cial – ou se soube por outra fonte –, de ini­cia­ti­vas no setor turís­tico para incre­men­tar o tur­ismo na região sul, balonismo na Cha­pada das Mesas e out­ras ini­cia­ti­vas.

São alvis­sareiras as ini­cia­ti­vas no setor, mas pre­cisamos de out­ras medi­das integradas que façam com que essas medi­das se trans­formem em bene­fí­cios sus­ten­táveis para as pop­u­lações que serão impactadas com o tur­ismo de massa que, acred­ito, seja a pro­posta (ou desejo) dos gov­er­nantes estad­u­ais.

Como disse no título, trata-​se de uma aposta certeira do gov­erno estad­ual.

Em reportagem exibida no Jor­nal da Band (se não me falha a memória, peço des­cul­pas pois dev­ido a um forte res­fri­ado não estava muito atento) foi dito que o setor turís­tico movi­men­tou ano pas­sado cerca de 208 bil­hões de reais — um número sig­ni­fica­tivo para qual­quer econo­mia, prin­ci­pal­mente, para a nossa, tão car­ente; em outra matéria vi que os lençóis maran­henses ocu­pam o vigésimo oitavo lugar no rank­ing dos des­ti­nos mais procu­ra­dos no mundo.

Não se trata de pouca coisa.

Esta­mos falando de bil­hões de reais, quiçá tril­hões, mas esta­mos falando, prin­ci­pal­mente, de mil­hares, mil­hões de empre­gos sendo ger­a­dos. Empre­gos que sig­nifi­cam dig­nidade e respeito.

Mas, repito, é fun­da­men­tal que o Maran­hão – e mesmo, o Brasil –, este­jam prepara­dos para trans­for­marem seus ativos nat­u­rais em ativos finan­ceiros sem destruir os primeiros e fazendo que os segun­dos sejam dis­tribuí­dos entre todos.

A primeira coisa a ser feita é tra­bal­har­mos de forma con­sis­tente a edu­cação de cri­anças, jovens – e tam­bém toda a pop­u­lação –, dotando-​os de con­hec­i­men­tos ambi­en­tais e históri­cos sobre a suas regiões e os tor­nando capazes de trans­mi­tir tais con­hec­i­men­tos aos vis­i­tantes, sobre­tudo, aos de origem estrangeira.

No meu ofí­cio de advo­gado e de estu­dioso dos prob­le­mas edu­ca­cionais do país, con­ver­sava, não faz muito tempo, com uma sec­re­taria munic­i­pal de edu­cação de uma área turís­tica por excelên­cia, e ela me con­tava do seu con­strang­i­mento ao se encon­trar com um grupo de estrangeiros e ela não enten­der “bul­h­u­fas” do que falavam.

Ora, não há que se falar em tur­ismo efe­tivo sem que os brasileiros/​maranhenses con­sigam falar a lín­gua que falam os tur­is­tas – até para que pos­samos “vender” nos­sos pro­du­tos a eles.

Em artigo recente pub­li­cado em Veja, Cristo­vam Buar­que, uma das maiores autori­dades do país, quando se fala em edu­cação pública, pon­tif­i­cou da urgên­cia que tem o país de pro­mover­mos a alfa­bet­i­za­ção de nos­sas cri­anças em pelo menos um idioma estrangeiro. Dizia ele no mesmo texto que essa é uma das for­mas de cor­ri­gir­mos as desigual­dades edu­ca­cionais do país.

Até antes dele – se pesquis­arem no meu site, encon­trarão –, dizia a mesma coisa: pre­cisamos dotar a edu­cação pública de fer­ra­men­tas que a tornem igual­itária para todas as cri­anças, até como forma de con­stru­irmos uma econo­mia erguida sobre pilares fortes.

O Maran­hão pos­sui diver­sas poten­cial­i­dades a serem con­ver­tidas em bene­fí­cios para toda sua pop­u­lação: são os por­tos e fer­rovias; são as cidades históri­cas; são as diver­sas cul­turas; são os recur­sos nat­u­rais ren­ováveis; e tan­tos out­ros – temos até um Cen­tro de Lança­mento de foguetes e satélites.

Mas, como já dito e repetido, tudo começa com uma edu­cação de qual­i­dade, igual­itária, inclu­siva e fazendo de todos sujeitos e sen­hores de seus des­ti­nos.

A respeito da aposta certeira no tur­ismo, minha mod­esta sug­estão é que o gov­erno estad­ual reúna o quanto antes com os municí­pios que inte­gram as diver­sas áreas de inter­esse turís­tico na intenção de bus­carem alter­na­ti­vas para, de forma integrada, qual­i­fi­carem os munícipes para bem rece­berem esses tur­is­tas que advirão de todas partes do país e do mundo.

Essa pop­u­lação total­mente qual­i­fi­cada e con­sciente, capaz de dialogar em condições de igual­dade com os tur­is­tas – isso em relação as rotas que estão postas –, será a “guardiã” dos nos­sos recur­sos para que, não ape­nas essa, mas as futuras ger­ações tam­bém sejam ben­e­fi­ci­adas com tais riquezas.

Além disso, com políti­cas de crédi­tos voltadas aos pequenos pro­du­tores, artesãos, com­er­ciantes, setor hoteleiro, etc, for­t­ale­cer as econo­mias locais, pois, faz-​se necessário que que todos sejam os ben­efi­ciários da riqueza de um país ou de um estado.

Como digo desde sem­pre, não nos vale um estado rico com um povo mis­erável.

Que venha o desen­volvi­mento, seja pelo tur­ismo, pelos por­tos, pelos grandes pro­je­tos fer­roviários, espa­cial, agrí­cola e tan­tos out­ros, mas que tal desen­volvi­mento e cresci­mento econômico seja com­par­til­hado por todos.

Os pro­je­tos e recur­sos des­ti­na­dos a con­cretiza­ção de tais son­hos estão à dis­posição de todos e fáceis de serem imple­men­ta­dos.

Se o tex­tão de fim de sem­ana fosse aquele com­er­cial pode­ria até dizer: — pergunte-​me como. Rsrs.

Um bom domingo a todos.

Abdon C. Mar­inho é advo­gado.

A ESTÉTICA NAZISTA E OUT­ROS MALES.

Escrito por Abdon Mar­inho


A ESTÉTICA NAZISTA E OUT­ROS MALES.

Por Abdon Marinho.

HAVIA reser­vado a manhã de sábado para escr­ever – como, aliás, faço quase sem­pre. Diver­sos assun­tos já con­stavam da pauta, além da cos­tumeira cobrança de alguns ami­gos para manifestar-​me sobre out­ros. Mais eis que surgiu a polêmica envol­vendo o secretário nacional de cul­tura, Ricardo Alvim, e o seu famoso vídeo de estética clara­mente nazista, tor­nando o assunto incon­tornável e, por­tanto, pas­sando à frente das demais pau­tas. Paciência!

Qual­quer pes­soa desde que com um mín­imo de dis­cern­i­mento e isenção recon­hece que o gov­erno do sen­hor Bol­sonaro está repleto de bons quadros, talvez os mel­hores do país, em algu­mas áreas – se não fosse assim não teríamos os bons resul­ta­dos que vem apre­sen­tando até aqui, a despeito de toda a tor­cida con­trária e da sab­o­tagem interna que sofrem –, ao lado destes, em maior número e com amplo espaço de manobra, estão os famosos “sem noção”, a começar pelo próprio pres­i­dente, que dia sim e no outro tam­bém, emite declar­ações tolas, muitas das vezes ofen­si­vas, que só encon­tram apoio de out­ros “sem noção”, de den­tro ou de fora do governo.

A polêmica envol­vendo o ex-​secretário nacional de cul­tura tem as dig­i­tais das patas destes últi­mos.

Pouco depois de par­tic­i­par da tradi­cional “live” do pres­i­dente, na qual foi elo­giado pelo próprio que o apre­sen­tou como a solução para a cul­tura brasileira, o secretário dirigiu-​se ao órgão que con­duzia há dez sem­anas e pro­duziu o vídeo que o der­rubou menos de 12 horas depois, na esteira das pressões feitas por enti­dades da sociedade civil, autori­dades e, até mesmo, de gov­erno estrangeiro, no caso, o de Israel.

Os primeiros ques­tion­a­men­tos que fiz, ao tomar con­hec­i­mento da história, foi se o ex-​secretário tinha ideia do estava fazendo o tal vídeo; se foi uma ação pen­sada e delib­er­ada a repro­dução da “estética nazista” em uma peça sobre a pro­posta do gov­erno; Ou se foi ape­nas mais uma ati­tude “sem noção” de uma parte da ala do gov­erno, entre as tan­tas com as quais já brindaram à patuleia.

Fiz ainda as seguintes per­gun­tas: Fez para chocar a sociedade? Tinha noção do sig­nifi­cado do estava fazendo?

Ora, ficou bem claro para qual­quer um com con­hec­i­mento mín­imo de história que houve uma repro­dução da chamada “estética nazista”. Não foi ape­nas o estilo engo­mad­inho; a câmera a meio plano”; o ambi­ente assép­tico; a música de Wag­ner; ou, mesmo, o plá­gio (lit­eral em alguns tre­chos) do dis­curso de Goebbels, foi o con­junto da obra.

Pode­ria ter feito o dis­curso todo engo­mad­inho, com uma camada de gel na cabeça e com câmera a meio plano. Sem a trilha sonora e o plá­gio ninguém iria fazer alusão ao nazismo; pode­ria até fazer o plá­gio que sem os demais ele­men­tos não iriam perce­ber ou, percebendo, não iria escan­dalizar tanto.

Já a trilha sonora de Richard Wag­ner, soz­inha, tam­bém, pouco ou nada sig­nifi­caria, além do que é: boa música.

O alemão Wag­ner nasceu em 1813, em Leipzig, Ale­manha e mor­reu em 1883, em Veneza, Itália, ou seja, muito antes da ascen­são e queda do Nazismo. Sua obra é vasta – não ape­nas no campo da música –, e, dizem abriu cam­in­hos para a música mod­erna. Vinculá-​la ao Nazismo, pelo fato de Hitler ter sido seu fã ou pelo fato da mesma ter sido exe­cu­tada em Cam­pos de Con­cen­tração não passa de des­on­esti­dade int­elec­tual.

O pobre Wag­ner, a despeito de sua grande con­tribuição para a cul­tura uni­ver­sal, mor­reu na mis­éria e exi­lado, fug­indo dos cre­dores.

O fato de Hitler ter sido pro­fundo admi­rador de sua obra não a torna cúm­plice das mon­stru­osi­dades que ele e os seus adu­ladores – entre os quais Joseph Goebbels –, praticaram con­tra a humanidade e con­tra os judeus, em particular.

É ver­dade que durante muitos anos a obra de Wag­ner foi proibida de ser exe­cu­tada no estado de Israel, mas mesmo esse tabu caiu há alguns anos.

Ah, para aque­les que não sabem, a mar­cha nup­cial (bridal cho­rus) exe­cu­tada em, prati­ca­mente, cem por cento dos casa­men­tos ao redor do mundo é de auto­ria jus­ta­mente de Richard Wag­ner, isso não torna os nubentes ou mesmo os sim­ples apre­ci­adores dela e de tan­tas out­ras obras, nazis­tas, não mesmo.

Como disse ante­ri­or­mente o que des­graçou a per­fo­mance do ex-​secretário nacional de cul­tura foi a con­junção dos ele­men­tos com­pondo a estética nazista. Se fez para “copiar” Goebbels ou sim­ples­mente como “sem noção”, já pagou o preço com a exon­er­ação do cargo.

O pres­i­dente Bol­sonaro, o sem noção-​mor da República, pelo que li, ainda relutou, teria se dado por sat­is­feito com o pedido de des­cul­pas e com a atribuição de culpa ao anôn­imo asses­sor, mas, foi ven­cido pela pressão das ruas. Fez bem em ceder rápido e evi­tar que o assunto se pro­lon­gasse por mais tempo.

O episó­dio, entre­tanto, dev­e­ria servir para inspi­rar as forças de políti­cas de oposição, prin­ci­pal­mente as de ori­en­tação marxista/​leninista.

Estas fiz­eram o maior escar­céu con­tra o ex-​secretário e con­tra o próprio pres­i­dente – com razão –, mas é inca­paz de olhar os mil­hões de cadáveres das ditaduras comu­nistas do pas­sado e do pre­sente; bem como, diver­sos out­ros regimes total­itários que apoiam. Muito pelo con­trário, ainda hoje “pagam pau” para os anti­gos dita­dores da União Soviética, da China, do Cam­boja, de Cuba, da Cor­eia do Norte, da Albâ­nia, etcetera.

Dev­e­ria inspi­rar, tam­bém, tan­tos quan­tos são estes que fusti­garam e pedi­ram a “cabeça” do ex-​secretário por uma per­for­mance de inegável mau gosto e de inspi­ração nazista – cujo o hor­ror e fla­gelo ceifou mil­hões de vidas há mais de setenta anos –, a faz­erem o mesmo em relação aque­les políti­cos nacionais que ainda hoje defen­dem, como dout­rina política, os mod­e­los total­itários que tam­bém cei­faram e ainda hoje ceifam mil­hões de vidas ao redor do mundo.

Os exem­p­los estão aí à vista de todos. Outro dia um vereador do PSOL do Rio de Janeiro apre­sen­tou uma moção de lou­vor ao dita­dor da Cor­eia do Norte Kim Jong-​Un. Acredita-​se que ninguém, muito menos os esclare­ci­dos que protes­taram con­tra a “estética nazista” do ex-​secretário de cul­tura, ignorem o que passa naquele país, onde a posse de uma Bíblia é motivo de prisão; onde mil­hões de cidadãos e suas famílias amargam pela eternidade em cam­pos de con­cen­tração até piores que os nazis­tas; onde as penas pas­sam das pes­soas dos supos­tos infratores alcançando sua ascendên­cia, descendên­cia e colat­erais. Não esta­mos falando de fatos pas­sa­dos, mas sim, que estão acon­te­cendo neste momento.

Pois é, não se ouviu nen­hum protesto e o vereador con­tinua no seu cargo.

É o mesmo silên­cio cúm­plice que se observa em relação ao que acon­tece em Cuba, na China, no Cam­boja e na Venezuela. Mod­e­los políti­cos do pre­sente recon­heci­dos pela opressão política aos opos­i­tores, as divergên­cias, e pelas vio­lações dos dire­itos humanos.

Para estes – e para os crimes con­tra a humanidade que estão sendo prat­i­ca­dos neste momento –, os nos­sos políti­cos dis­pen­sam aplau­sos e moções e não se ouve de enti­dades da sociedade e dos seus adu­ladores, um lamento ou protesto.

Por último, na falta do que fazer ou pela falta de ver­gonha na cara, estes mes­mos políti­cos estavam defend­endo a ditadura teocrática do Irã, outro régime recon­hecido pelos mas­sacres con­tra a pop­u­lação que ouse protes­tar e pelos assas­si­natos das pes­soas que não vivem con­forme a “car­tilha” do régime ou mesmo por pos­suírem uma ori­en­tação sex­ual difer­ente. Descon­hecem a exe­cução pública de homos­sex­u­ais no Irã e tan­tas out­ras vio­lações con­tra mul­heres e/​ou minorias?

Custo a com­preen­der como uma tosca apolo­gia a um mod­elo, já exe­crado no pas­sado, cause mais protestos que as apolo­gias a mod­e­los pre­sentes tão ou mais crim­i­nosos que aque­les.

Defin­i­ti­va­mente, vive­mos tem­pos estranhos.

Abdon Mar­inho é advo­gado.

APE­SAR DE … O MARAN­HÃO NA ROTA DO DESENVOLVIMENTO.

Escrito por Abdon Mar­inho

APESAR DE … O MARAN­HÃO NA ROTA DO DESENVOLVIMENTO.

Por Abdon Marinho.

EMB­ORA com menos destaque do que o esper­ado, a noti­cia mais impor­tante para o Maran­hão nos últi­mos tem­pos foi a assi­natura da con­cessão de mais um tre­cho da Fer­rovia Norte-​Sul.

A despeito da inér­cia das autori­dades locais – e por vezes até a tor­cida con­trária –, que pouco ou nada fazem, o Maran­hão, parece-​me, “con­de­nado” ao desen­volvi­mento e São Luís, sua cap­i­tal, mais ainda.

A Fer­rovia Norte-​Sul foi pro­je­tada para ser a espinha dor­sal do sis­tema fer­roviário nacional, interli­gando as prin­ci­pais mal­has fer­roviárias das cinco regiões do Brasil.

Essa é uma infor­mação você encon­tra em qual­quer livro de geografia básica.

O tre­cho agora con­ce­dido, quando con­cluído, será sufi­ciente para interli­gar os por­tos de San­tos ao de São Luís (Itaqui) e abrir o Maran­hão para o mundo – e um mundo de pos­si­bil­i­dades.

Quando toda a fer­rovia estiver pronta, com seus mais de 4 mil quilômet­ros o país inteiro, como coste­las, poderá se interli­gar a essa imensa espinha dor­sal trans­portando riquezas pelos por­tos do Norte, Nordeste, Sud­este e Sul do Brasil.

Em artigo pub­li­cado recen­te­mente inti­t­u­lado “A Ilha Cobiçada”, o juiz fed­eral Roberto Veloso, além de traçar uma linha histórica da ilha, desde a fun­dação da França Equinocial por sua priv­i­le­giada prox­im­i­dade a linha do equador, traz-​nos dados inter­es­santes sobre as poten­cial­i­dades da Ilha e do estado que “casam” per­feita­mente com o que esta­mos dizendo aqui.

A prin­ci­pal delas é a neces­si­dade de ampli­ação do Porto do Itaqui que, segundo o arti­c­ulista, pos­sui, ape­nas, cerca de dez por cento da capaci­dade do Porto de San­tos, daí o “con­ges­tion­a­mento” de navios para atracar que assis­ti­mos diariamente.

Ora, só a pro­dução de grãos deste ano alcançou o recorde de mais 240 bil­hões de toneladas em 15 cul­turas difer­entes. Essa pro­dução é trans­portada a altos cus­tos e com per­das sig­ni­fica­ti­vas por rodovias longe de ideais. Esse trans­porte a par­tir da interli­gação das mal­has fer­roviárias poderá, futu­ra­mente, ser feito com menos per­das e barate­ando o custo em relação ao mer­cado inter­na­cional, trazendo mais div­i­den­dos ao país.

Outra coisa que Veloso chama atenção no texto são os bene­fí­cios econômi­cos advin­dos da explo­ração com­er­cial do Cen­tro de Lança­mento de Alcân­tara para toda a região no entorno da ilha – e ouso acres­cen­tar, para todo o estado.

O desen­volvi­mento econômico é bené­fico para todos. E uma coisa já passa da hora de apren­der­mos: não existe desen­volvi­mento social sem que haja desen­volvi­mento econômico.

A ideia de que a humanidade pode alcançar a feli­ci­dade par­til­hando mis­éria já provou infini­tas vezes que não funciona.

Essa com­preen­são foi tor­nada pública por um dos líderes do comu­nismo chinês, Deng Xiaop­ing, há mais de quarenta anos, quando implan­tou as refor­mas econômi­cas na China.

Outro que tam­bém abor­dou a questão das poten­cial­i­dades do Maran­hão – e com inco­mum con­hec­i­mento de causa –, foi o ex-​governador e ex-​ministro José Reinaldo Tavares, em artigo pub­li­cado no Jor­nal Pequeno, edição de 9 de julho de 2019, inti­t­u­lado “A Vale e o Maran­hão”.

No artigo, Tavares aborda, desde os estu­dos que fiz­eram com que a Vale do Rio Doce optasse por fazer o trans­porte do minério de ferro das Ser­ras dos Cara­jás pela Baía de São Mar­cos, o que pos­si­bil­i­tou a empresa se tornar o que é hoje à neces­si­dade de con­tra­partidas ao Maran­hão por parte da empresa, agora, por ocasião da ren­o­vação das con­cessões.

O ex-​governador chama a atenção para o fato da Vale querer ante­ci­par a ren­o­vação de suas con­cessões de suas fer­rovias porque se vencer o prazo terá que par­tic­i­par de novos leilões onde tudo pode acon­te­cer, até perder as con­cessões.

Por força deste inter­esse a empresa tem feito acor­dos com os esta­dos onde atua. Com o Pará, den­tre out­ras coisas, se com­pro­m­e­teu a fazer uma siderur­gia; com Minas Gerais a con­tin­uar investindo forte­mente no estado; com o Espírito Santo, a con­struir uma fer­rovia ao custo de mais de um bil­hão de reais lig­ando o estado ao Rio de Janeiro; e com o gov­erno fed­eral a con­strução da Fer­rovia de Inte­gração do Cen­tro Oeste — FICO, interligando-​a à Fer­rovia Norte-​Sul para o trans­porte da pro­dução daque­les esta­dos. O custo da fer­rovia de 380 km é de 2,4 bil­hões de reais.

O ex-​governador alerta para o muito que a Vale “deve” ao Maran­hão e para a neces­si­dade das autori­dades locais, das forças políti­cas, cobrarem da empresa trata­mento semel­hante ao que vem dando aos demais esta­dos, con­forme abor­dado ante­ri­or­mente.

Vai além, diz que duas coisas, ini­cial­mente, se impõem: 1) que a Vale man­tenha o porto de minério a ser expor­tado na Baía de São Mar­cos, con­forme foi deci­dido, tec­ni­ca­mente, quando da implan­tação do Pro­jeto Cara­jás; 2) a con­strução de uma fer­rovia lig­ando Bal­sas – e a região con­hecida por Matopiba –, a Estre­ito, interli­gando à Fer­rovia Norte-​Sul, obra fun­da­men­tal para o escoa­mento da pro­dução daquela região.

Estou certo que o desen­volvi­mento para o Maran­hão virá. O quanto de desen­volvi­mento e o tempo depen­derá da capaci­dade de artic­u­lação e dis­cern­i­mento das autori­dades.

Falta ao gov­erno do estado um corpo téc­nico com­posto por pes­soas com o nível de con­hec­i­mento e visão de futuro do ex-​governador José Reinaldo Tavares, com autori­dade e con­hec­i­mento para “peitar” autori­dades e empre­sas nego­ciando as mel­hores condições para o estado do Maran­hão.

Essa visão que o fez pro­je­tar e ini­ciar um ambi­cioso pro­jeto de malha viária para o estado que os gov­er­nos pos­te­ri­ores – inclu­sive o atual – não tiveram a capaci­dade de dar con­tinuidade.

Até aqui, com toda esta dis­cussão gan­hando corpo, não temos visto o empenho (ou a com­preen­são) das autori­dades para o que está em jogo: o futuro de pro­gresso e mil­hares de empre­gos já na implan­tação dos pro­je­tos.

Parece-​me que tanto as autori­dades estad­u­ais, quanto as munic­i­pais, não se deram conta da grandiosi­dade dos pro­je­tos que estão em curso.

Não vemos na Assem­bleia Leg­isla­tiva ou Câmara Munic­i­pal – e mesmo no gov­erno ou prefeitura da cap­i­tal –, ninguém dis­cutindo tais assun­tos. É como se não soubessem o que se passa.

Não temos notí­cias, por exem­plo, se a reforma do Plano Dire­tor de São Luís e dos demais municí­pios da ilha con­tem­plam essas pos­si­bil­i­dades futuras.

O próprio gov­er­nador, que dev­e­ria ser o primeiro a olhar os inter­esses do estado, parece não con­seguir enx­er­gar além dos próprios son­hos de “virar” pres­i­dente da República nas próx­i­mas eleições, tendo ante­ci­pado a cam­panha eleitoral em qua­tro anos, pas­sando a maior parte do tempo ocupando-​se do seu “pro­jeto” em detri­mento dos pro­je­tos para o Maran­hão, em um momento ímpar de oportunidades.

Isso quando não ocupa as redes soci­ais e out­ras mídias, dia sim e no outro tam­bém, para fusti­gar o gov­erno fed­eral e o pres­i­dente da República. Parece birra de menino mimado.

Ora, se você é gov­er­nador de um estado, pre­cisa, antes das paixões e pro­je­tos pes­soais, focar nos inter­esses do povo que admin­is­tra e que depende de suas ini­cia­ti­vas.

Agora mesmo, o gov­er­nador de São Paulo esteve na China de lá trazendo inves­ti­men­tos para o seu estado, inclu­sive uma fábrica da gigante de tec­nolo­gia Huawei, já tendo feito diver­sos out­ros acor­dos com out­ros países e/​ou empre­sas.

O mesmo acon­te­cendo com os demais esta­dos com os gov­er­nadores bus­cando inves­ti­men­tos e/​ou recur­sos junto a out­ros países ou junto ao gov­erno fed­eral ou ainda ten­tando influ­en­ciar nas dis­cussões do Con­gresso Nacional na solução dos graves prob­le­mas finan­ceiros que atrav­es­sam seus esta­dos.

O Maran­hão parece ser o único que não pre­cisa de nada disso, razão pela qual o gov­er­nador ache razoável ante­ci­par a cam­panha pres­i­den­cial em qua­tro anos e sair “Brasil afora” em cam­panha e fazendo pros­elit­ismos con­tra o gov­erno fed­eral, arran­jando quizila por tudo que se diga.

Aliás, surpreendeu-​me outro dia, quando li que sua excelên­cia declarara que “até agora” o gov­erno fed­eral não ado­tara nen­huma retal­i­ação ao Maran­hão. Já é uma boa notí­cia, mais uma des­on­esti­dade.

Fosse uma colo­cação hon­esta, o gov­er­nador teria admi­tido que o atual gov­erno já tomou, em sete meses de mandato, mais medi­das favoráveis ao Estado do Maran­hão que os gov­er­nos dos seus ali­a­dos em 13 anos de poder. Os exem­p­los são os referi­dos acima dos quais se desta­cam a fer­rovia e a explo­ração com­er­cial do Cen­tro de Lança­mento de Alcân­tara.

Como dito ante­ri­or­mente, o Maran­hão está na rota do desen­volvi­mento, ape­sar do desin­ter­esse ou falta de con­hec­i­mento das autori­dades locais.

Aposte no Maranhão!

Abdon Mar­inho é advo­gado.